Pousando no Amor: romance além da fronteira
Imagine que você viajou para outro país e conhece uma pessoa muito interessante por lá. O amor bateu em sua porta, mas você sabe que, quando voltar para casa, nunca mais a verá. Parece impossível para nós, mortais. Para Se-ri e Capitão Ri de Pousando no Amor, nem tanto.
O enredo se desenrola a partir de um relacionamento impossível entre a empresária sul-coreana Se-ri e o capitão norte-coreano Ri. As dificuldades vão além das geográficas, são também culturais, políticas e familiares. Entretanto, o casal descobre um laço do passado. A atração e a proteção de um para com o outro nasceu antes mesmo de se conhecerem.
O diretor Lee Jung-Hyo fez um trabalho impecável, assim como em Romance is a Bonus Book – o dorama mais inspirador que já vi. Pousando no Amor traz romance com uma pitada de drama, comédia, ação e suspense, pincelado em paisagens deslumbrantes. Apesar de conter “clichês” de doramas, como o beijo para disfarçar uma situação, não é tosco.
O único pecado é não ter a música que o Capitão Ri compôs para seu irmão nas playlists de Pousando no Amor. Eu busquei em diversos lugares, achei a música no Youtube intitulada “A Song For My Brother” – confesso que ouvi durante umas três horas. Não descobri nada sobre o compositor original. Se alguém tiver informações sobre isso, comente, pleaseeee.
Pousando no Amor, também conhecido como Crash Landing On You, fez bastante sucesso na Coreia do Sul. A série entrou no catálogo da Netflix como conteúdo original e, sinceramente, entrou, também, na minha lista de doramas preferidos.
Leia também Something in the rain: entre o amor e a razão, outra série com Son Ye-jin.
Sinopse de Pousando no Amor
Yoon Se-ri (Son Ye-jin) é uma mulher forte, rica e bem-sucedida da Coréia do Sul. Um de seus hobbies é voar de parapente. Certo dia, em um de seus momentos, ela enfrenta uma tempestade e o vento a leva para o outro lado da fronteira com a Coreia do Norte.
Sem saber direito o que aconteceu, presa em uma árvore, ela é abordada por um capitão do exército norte-coreano, Ri Jung Hyuk (Hyun Bin). Literalmente, ela cai nos braços dele e a história toda começa.
Se ele a reportar para o governo, Se-ri será interrogada pelo Departamento de Segurança e poderá ser torturada e condenada à morte sob acusação de espionagem. Então, o capitão Ri decide indicar para ela um caminho para cruzar a fronteira de volta. Mas, ela se perde e acaba chegando em um vilarejo. Ele, vendo que a estrangeira se perdeu, esconde a moça em sua casa.
Nesse lenga-lenga de traçar planos para a fuga de Se-ri, os dois acabam se apaixonando. E, por aí vai.
Histórias de amores reais entre norte-coreanos e estrangeiros
A Coreia do Norte é o país mais fechado do mundo. Para fazer turismo em Pyongyang – a capital e única cidade que é possível conhecer -, é necessário comprar pacotes fechados em agências autorizadas pelo governo. A verdade é que a gente não sabe de quase nada sobre o que se passa lá. Pousando no Amor mostra Coreia do Norte através da lente sul-coreana e deixa claro o desejo de unificação.
Assistir ao drama coreano Pousando no Amor me deixou com dúvidas: Será que algum norte-coreano já se casou com um estrangeiro? Como isso aconteceria no mundo real? Então fui pesquisar e encontrei algumas histórias reais de amor além da fronteira.
Pham Ngoc Canh e Ri Yong-hui
A história de Pham Ngoc Canh, do Vietnã, e Ri Yong-hui, da Coreia do Norte, talvez seja a história de amor entre um norte-coreano e um estrangeiro mais resiliente e conhecida. O casal esperou 30 anos para se casar. Esse sim é um romance digno de virar roteiro de filme.
Pham Ngnoc Canh viajou para a Coreia do Norte em 1971 a fim estudar química. Conheceu Ri Youg-hui no mesmo ano e se apaixonou. Entretanto, após dois anos, Canh precisou voltar para seu país. Mesmo o governo norte-coreano sendo extremamente fechado, ele não desistiu.
Entre idas e vindas à Coreia do Norte como tradutor, ele tentava se comunicar com Ri por meio de cartas. Mesmo a última carta dela tendo chegado em 1992, em 2001, Canh tentou se comunicar com o Ministério das Relações exteriores e até com o presidente do Vietnã. E, finalmente, ele recebeu a notícia de que o governo norte-coreano aprovaria o casamento. Eles se casaram em 2002 e moram no Vietnã.
História completa em: BBC
Joseph e Juyeon
Joseph é um norte-coreano que desertou. Em 1999, ele foi para a China e, em 2003, conseguiu chegar na Coreia do Sul para pedir asilo. Desde que saiu da Coreia do Norte, Joseph não tem contato com sua família. Após se instalar e trabalhar em Seul, ele conheceu Juyeon e os dois se apaixonaram.
A grande dificuldade do relacionamento deles não foi política ou geográfica, mas cultural. Juyeon foi criticada por pessoas próximas a ela. A sociedade sul-coreana é bem conservadora e não aceita muito bem casamentos com estrangeiros, principalmente, da Coreia do Norte. Mesmo com esses problemas, eles não abriram mão do amor e se casaram.
História completa em: Barcrof
Charles Jenkins e Hitomi Soga
O história de Jenkins e Soga não é um romance entre um norte-coreano e um estrangeiro. Mas permita que eu conte. Jenkins foi um soldado americano que desertou na Coreia do Norte em 1965, onde, durante anos, ficou preso. Até que o governo norte-coreano decidiu torná-lo cidadão norte-coreano. Lá, ele ensinou inglês e atuou em filmes governamentais.
Em 1978, Hitomi Soga, japonesa, foi sequestrada e levada para a Coreia do Norte. Dois anos depois, os dois foram obrigados a se casar. Eles se apaixonaram e tiveram duas filhas. Tudo parecia bem, mas, após 22 anos juntos, por questões políticas, Soga precisou voltar para o Japão e deixou para trás seu marido e filhas.
Jenkins deu um jeito de ir atrás da mulher, mesmo correndo o risco de ser preso pelo governo americano por deserção e ajudar o inimigo. Dois anos depois, eles se reencontraram. Jenkins conseguiu resolver sua vida e a família viveu feliz para sempre na Ilha de Sado, no Japão.
História completa em: BBC
O amor é lindo, não é?! Não sabemos se o nosso casal da ficção casou, mas vemos o esforço que eles fazem para sempre estarem presentes na vida um do outro. Afinal, como disse a epígrafe: estar junto é estar do lado de dentro.
Na minha prateleira de dramas coreanos, coloquei Pousando no Amor do lado de Descendentes do Sol.
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