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3 dias no Jalapão: Dicas de uma tocantinense

2 Comentários

O Jalapão é um dos lugares mais encantadores que já conheci. Lá, descobri o quanto a natureza é hostil e, ao mesmo tempo, tão linda. Entendi que não preciso sair do Brasil para ver belas paisagens. Morei no Tocantins durante 11 anos, seis deles em Palmas, e nunca tinha ido ao Jalapão. Mas, finalmente surgiu uma oportunidade de conhecer uma das belezas desse estado que amo. Quero compartilhar com você uma aventura ímpar na minha vida: minha viagem de 3 dias no Jalapão.

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O que é o Jalapão?

O Parque Estadual do Jalapão é uma reserva natural localizada na área leste do Tocantins. Fica a, mais ou menos, 400km de Palmas. Há duas cidades bem pequenas que ficam nessa região: São Félix do Tocantins e Mateiros.

Os pontos turísticos do Jalapão não são muito explorados e possuem diversas regras de ecoturismo para a conservação da natureza. Os lugares que mais chamam a atenção são os fervedouros e cachoeiras e água cristalina. Ultimamente, fotos e vídeos desses lugares têm chamado a atenção e atraído pessoas do mundo inteiro. Além disso, possui dunas de areia dourada arrodeada das cerras cobertas pela vegetação típica do cerrado.

O acesso até o Jalapão não é fácil. As estradas são de areia e as cidades não têm estrutura. Se você quer visitar o Jalapão, prepare-se para uma grande aventura. Quem assistiu ao episódio do Largado e Pelados que foi lá, sabe do que estou falando.

Quando ir ao Jalapão?

O período ideal para ir ao Jalapão é o de estiagem. O tempo com baixa precipitação é o melhor. As estradas ficam sem lama e as cachoeiras em pleno funcionamento. As chuvas, além de dificultar o acesso, causam o risco de tromba d’água nas cachoeiras, que, podem ser interditadas.

Geralmente, entre os meses julho e setembro, não há chuvas ou quase nenhuma chuva na região central do Tocantins. Esse é também o período mais quente, em que a temperatura pode passar dos 40ºC. Julho é o mês menos quente e mais ventilado. A partir do final de agosto ao início de outubro, o clima é muito seco e, quem não é acostumado com altas temperaturas e baixa humidade do ar, pode passar mal.

Como chegar no Jalapão?

Para chegar no Jalapão, você tem três opções:

Carro próprio: se você mora em algum estado próximo, no Tocantins ou é o mestre das estradas e gosta de dirigir, o ideal é que seu carro seja 4×4. Os carros sem tração nas quatro rodas, mesmo que sejam altos, podem atolar na areia ou quebrar durante o trajeto. Dá para arriscar, mas não é o recomendado.

Carro alugado: você pode alugar um carro 4×4 em Palmas para fazer sua viagem. Minha dica aqui é: se for alugar um carro, escolha as empresas que alugam carros para o Jalapão, pois os carros são mais revisados e eles não encrencam se o carro chegar com um ou outro arranhão. O valor praticado por essas locadoras é quase o mesmo das locadoras convencionais.

Agência de turismo: inúmeras agências de turismo fazer tour no Jalapão. Geralmente, saem de Palmas. Os pacotes podem ou não incluir translado, refeições, hospedagem e guia. Fazer o passeio por agência pode ficar ou não mais barato, mas vai te dar conforto e comodidade durante o passeio. Eu recomendo que você pesquise os pacotes e preços em, pelo menos, três agências antes de fechar o negócio.

Onde ficar no Jalapão?

Há três opções de estadia no Jalapão:

Casa de amigo ou parente: esse talvez seja o mais difícil. Provavelmente você não conhece ninguém que mora naquela região. Entretanto, essa possibilidade remota foi a minha estadia lá. Ficamos hospedados da casa do meu tio que, na época, morava em Mateiros.

Barraca: dormir em barraca pode não é uma prática comum no Sudeste, mas na região Norte é bem comum. Quase todos os fervedouros e cachoeiras possuem área de camping. Você paga uma pequena taxa e tem direito a um espaço para montar sua barraca e banheiros. Outra opção e “alugar” o quintal da casa de algum morador de São Félix do Tocantins ou Mateiros. Essa é uma experiência raiz.

Hotel ou Hostel: por menos de R$200 a diária, é possível se hospedar em um lugar básico, com direito a café da manhã, em São Felix do Tocantins ou Mateiros. Os preços podem variar bastante dependendo do tipo de acomodação e conforto que você deseja ter em sua viagem. No Booking, você encontra várias opções.

O que levar para passar 3 dias no Jalapão?

Além dos itens essenciais para uma viagem normal, para ir ao Jalapão, eu recomendo que você adicione alguns outros objetos à sua mala, como hidratante labial, protetor solar não-oleoso, camisa UV, trajes de banho, roupas leves, tênis confortável, chapéu ou boné, remédios (pode ser difícil achar uma farmácia), repelente, garrafinhas de água, frutas, dinheiro em espécie (são raros os caixas eletrônicos e nem todos os lugares aceitam cartões) e uma boa câmera para tirar fotos incríveis.

Minha aventura no Jalapão

Era setembro, o mês mais quente do Tocantins. Nesse período, a temperatura passa dos 40 graus Celsius. Na época, meus mais e irmã moravam em Palmas e meus tios estavam morando em Mateiros, uma das cidades dentro do Jalapão. Aproveitamos o feriado da independência para fazermos esse passeio. Fiz minhas malas, peguei o avião e cheguei em Palmas. Minha irmã alugou uma camionete 4×4 e meus pais foram às compras no supermercado.

Nosso primeiro dia de aventura começou às 6h. Ainda com o céu meio escuro – lá, o dia amanhece um pouco mais tarde – pegamos a estrada rumo a São Félix do Tocantins. Até Novo Acordo, a rodovia é asfaltada, a partir de então o pula-pula dentro do carro começou. A estrada é de areia, muita areia. São quase 150km de terra até São Félix pela TO-030.

No meio do caminho, lá estava um Celta tentando desatolar. Era uma família com duas crianças. Estavam indo visitar uns parentes em São Félix. Por sorte, conseguimos ajudar. Entretanto, o volume de areia aumentou. E o Celtinha, que tinha ido com tudo na nossa frente, mais uma vez ficou parado no meio da areia. Não saia do lugar. Paramos, tentamos tirar o excesso de areia da frente do carro, mas não deu certo. Servimos água para eles. Subindo numa árvore, por sorte, o rapaz conseguiu sinal e ligou para a família que ia mandar um trator para buscá-los. A prefeitura de São Félix disponibiliza um trator para buscar carros impedidos de chegar à cidade, não sei bem como funciona, só sei que existe.

Fervedouro do Buriti – São Félix do Tocantins

Depois de sobe e desce, chegamos ao nosso primeiro destino: Fervedouro do Buriti. O Fervedouro do Buriti é o maior dos fervedouros da região. Até 10 pessoas podem entrar por vez na água e, se tiver uma fila de pessoas, um limite de tempo deve ser respeitado. O lugar é agradável, com muitas sombras. Comemos o almoço que levamos, armamos redes entre as árvores e eu fiz minha “siesta” lá.

De volta ao carro, rumo à Mateiros, onde nos hospedamos, eu como motorista deixei um pouco a desejar na direção. O desnível da areia me fez perder o controle da direção. Nada de mais. Depois de muitas horas, fizemos o trecho de, aproximadamente, 90km em quatro horas. Chegamos à noitinha. O resultado da viagem foi um Cooler de salada de frutas. Nenhuma banana do cacho estava inteira ou dentro da casca. No Cooler das bebidas, uma maionese, uma Fanta e uma água mineral estouraram, o líquido se misturou com a terra e, no fim das contas, parecia um Toddynho. Uma das mochilas se abriu e sujou de terra um lençol e uma toalha.

Rimos para não chorar e fomos dormir para aproveitarmos bem o dia seguinte.

Fervedouro do Buritizinho

No segundo dia, fizemos um churrasco na beira do córrego e conhecemos o fervedouro do buritizinho. Boa parte do córrego e coberto pelas árvores, o que dá uma boa sombra sobre a água e um banho agradável. Pegando uma pequena trilha de dois minutos, encontrei o fervedouro do buritizinho é bem menor que o outro. Lá, apenas cinco pessoas podiam entrar por vez.

Aproveitamos boas horas. Como poucas pessoas estavam ali, fiquei bastante tempo dentro do fervedouro.

Cachoeira do Formiga

No mesmo dia, mas à tarde, fomos para uma propriedade próxima de onde estávamos, a Cachoeira do Formiga. Uma cachoeira com águas verdes. Na cachoeira, conseguimos mergulhar bem fundo e aproveitar a correnteza da água gelada.

O lugar possui uma estrutura com restaurante, lanchonete, área de camping e banheiros e fica localizado entre São Félix e Mateiros.

Dunas do Parque Estadual do Jalapão

Em nosso terceiro e último dia, acordamos meio tarde. Tomamos um café reforçado em Mateiros e seguimos pela TO-255 para as famosas Dunas de areias douradas do Jalapão. Entramos por uma estrada muito ruim de areia, talvez a mais difícil de todas. Os carros ficam estacionados em um determinado local e o restante do passeio deve ser feito a pé. O sol escaldante não ajudou muito, subir as dunas é realmente cansativo. Acho que, em cerca de 30 minutos, chegamos no topo.

Apesar de não ser muito alto, vemos o quanto somos pequenos. A natureza é realmente maravilhosa, hostil, mas encanta quem tem a oportunidade de ver.

Cachoeira da Velha  

Pegando uma estrada para entrar na TO-030 e voltarmos para Palmas, há ainda alguns lugares para se conhecer. Nossa segunda parada do dia foi na Cachoeira da Velha, a entrada é gratuita. São cerca de 20 metros de queda d’água formando um pequeno arco-íris na paisagem. Não tem como entrar na água por causa da força da água, mas é possível fazer rafting.

Praia do Rio Novo

Seguindo o caminho das águas da cachoeira da velha, encontramos uma pequena praia deserta. A água é transparente e a correnteza é, relativamente, forte. O banho é gostoso, apesar da constante luta para se manter no mesmo lugar. Passamos algumas horas por ali antes de prosseguirmos a viagem.

Onde paramos o carro, haviam dois banheiros, um feminino e um masculino. Trocamos de roupa e voltamos para a capital. Chegamos à noite. Fim.

O que você achou sobre esses 3 dias no Jalapão? Se está planejando sua viagem e precisa de ajuda, pode contar comigo! É só me enviar um e-mail para camillaimee@gmail.com ou acessar a página Contato.

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2 Comentários

  • 18 de março de 2022 às 22:36
    Estela

    Hoje eu quero agradecer por esse artigo bem feito e com
    as explicações corretas. Esta ficando complicado com
    tantos sites e informações diferentes e erradas.

    Responder
  • 31 de março de 2022 às 19:48
    Jorcelina

    Incrível como algumas informações são passadas erradas por
    alguns sites. Pelo menos agora consegui achar a informação
    correta que estava procurando. Infelizmente tem muita
    informação errada na internet. Compartilhei no meu
    facebook. Obrigado.

    Responder

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