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Um outro ângulo da Bolívia

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País pobre, sem estrutura, inseguro. Foi com esse pensamento que pisei os pés pela primeira vez na Bolívia. E continuei pensando assim enquanto pegava a fila gigantesca e desorganizada da imigração. O aeroporto pequeno de Santa Cruz de la Sierra somado à falta de empatia das primeiras pessoas que tive contato, constataram meus preconceitos sobre a Bolívia. Confesso que Santa Cruz de la Sierra não é aquela cidade maravilhosa e tecnológica, mas é uma graça e organizada, dentro das limitações de um país subdesenvolvido.

O primeiro Uber que pedi me pareceu muito orgulhoso da cidade onde vive. Era como se fosse um paulistano falando de São Paulo. Ao me fazer perguntas sobre o Brasil, sempre comparava com a Bolívia, tentando mostrar os pontos fortes de seu país. O jovem rapaz foi muito simpático e logo deu dicas de lugares para conhecer e comidas para experimentar. Nossa agradável conversa durante os 20 minutos de trajeto começou a limpar da minha mente os pensamentos negativos que tive durante a primeira hora que estive no aeroporto.

Santa Cruz de la Sierra é a maior cidade da Bolívia e foi intitulada pelo motorista como a “locomotiva” do país. Na hora, pensei “estamos na São Paulo boliviana”. A praça principal, 24 de setembro, tinha um Starbucks, o que realmente me surpreendeu. Os prédios antigos são muito bem conservados e o centro parecia ser muito seguro e vivo, mesmo durante à noite.

Andei, conheci o básico da cidade, mas, por conselho dos amigos que fizemos na cidade, passamos só um dia em Santa Cruz de la Sierra e seguimos para Sucre. Sucre é uma cidade menor, mas com muita história. A “cidade branca”, como é chamada, é a capital constitucional da Bolívia. Se Santa Cruz de la Sierra já tinha mexido com minhas impressões sobre a Bolívia, Sucre mudou totalmente o que eu pensava sobre o país.

Imagine uma cidade antiga, limpa, organizada, segura e linda. Consegue imaginar isso no país de Evo Morales? Pois é, não sei você, mas eu não. Fiquei realmente encantada com a arquitetura e segurança de Sucre. Foi ali que comecei a me apaixonar pela Bolívia.

A cidade ser linda, não significa que não seja pobre. Desde que chegamos, vimos que as pessoas trabalham muito e ganham pouco. A grande maioria dos carros são dos anos 80 e 90, assim como os ônibus intermunicipais e urbanos. Os táxis são Toyotas Corolla Wagon na cor branca. Os veículos não têm taxímetro e o valor da corrida é negociado com o motorista. A capa estampada que cobre o painel e outros enfeites que são pendurados no retrovisor fazem com que a gente faça uma viagem para um tempo em que não vivemos.

O fato de os comerciantes não terem preços muito fixos em seus produtos e serviços fez com que eu me tornasse uma especialista em pechinchar. Se você não pechincha, paga muito caro. Não importa o lugar ou o preço da compra – tirando supermercado –, pechinchar sempre é válido na Bolívia. Como quase nenhum estabelecimento passa cartão ou é informatizado, é muito mais fácil conseguir um preço mais justo, considerando que eles cobram um preço mais caro para os “gringos”.

Quando eu convertia o valor da compra de Bolivianos para Reais, o preço era justo, mas eu sabia que o vendedor tinha colocado um valor mais alto por perceber na cara que eu não era boliviana e nem falava espanhol como um nativo. Nossa primeira pechincha foi em Santa Cruz de la Sierra. Estávamos na rodoviária para comprar nossas passagens de ônibus para Sucre. O valor do semileito era 150 bolivianos por pessoa, pechincha vai, pechincha vem, a passagem ficou por 130 bolivianos – que é o preço normal para quem mora lá.

Voltando a falar de Sucre… Lá tem um castelo de verdade. Eu nunca tinha ido a um castelo e jamais imaginava que realizaria meu sonho de princesa na Bolívia. Por fim, quando pensava que a Bolívia não me surpreenderia mais, meu próximo destino era Uyuni. Já vou antecipando que fiz outro texto só para falar sobre os três dias que passei para conhecer o Salar de Uyuni e as outras belezas naturais de Potosí.

Com certeza, pretendo voltar para conhecer os lugares que ficaram pendentes, como La Paz, Cochabamba e, claro, dar outro pulinho no Salar de Uyuni, que se tornou meu lugar preferido no mundo.

 Se eu recomendo a Bolívia? Claro que sim! É um país simples, mas encantador. Tenho certeza que a Bolívia vai fazer você repensar muitos dos seus conceitos sobre segurança, trabalho e direitos humanos.

Mas é lógico que minha viagem à Bolívia teve pontos negativos e um deles foi muito marcante, fez com que eu ficasse um dia presa na fronteira com o Chile. Talvez o problema não seja 100% boliviano e o Chile tenha sua parcela de culpa também. Se você quer saber sobre o perrengue de passar de ônibus na fronteira de Colchane entre Bolívia e Chile, fique ligado que, em breve, eu posto.

E você? Quais impressões teve sobre a Bolívia? Ou, se ainda não conhece, mas pretende visitar, quais são suas dúvidas sobre o país? Comente aí, talvez eu possa te ajudar 🙂

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