Experiência Gastronômica no Mercado Central de Cotoca
No meu primeiro dia de mochilão na Bolívia, cheguei em Santa Cruz de la Sierra e fui ter minha primeira experiência gastronômica no Mercado Central de Cotoca. Cotoca, não é em Santa Cruz de la Sierra, mas fica muito próximo e dá para fazer bate-volta.
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Lá em Cotoca está um santuário dedicado à Virgen de Cotoca. De acordo com a crença, a santa apareceu dentro de um tronco de árvore nas proximidades. Eu não sei dizer ao certo, mas, segundo a explicação do nosso amigo que foi guia, ela é uma das poucas santas reconhecidas pelo Vaticano.
A igreja de Cotoca fica numa praça no meio da cidadezinha. Em outro canto dessa praça, encontramos umas barraquinhas de comida, que ficam em frente ao Mercado Central de Cotoca. Era lá que eu queria ir desde o início. Lá não tinha nada de especial, mas seria onde eu conseguiria experimentar uma verdadeira comida típica Boliviana. Minhas expectativas estavam altas.
A fachada do Mercado Central de Cotoca é similar a qualquer outra entrada de mercado que você conhece. Quando eu entrei, levei um pequeno susto. Não havia barraquinhas de comidas. Os “restaurantes” eram pequenas baías separadas por uma mureta de aproximadamente um metro de altura. Cada uma possuía uma mesa com capacidade para seis pessoas, um balcão estreito e uma pia pequena. Na entrada, uma panela grande com um arroz amarelo, pedaços de frango – como aqueles da Galinha Caipira brasileira -, ovos e bananas fritas.
Majao Cruceño
Sentamos e, sem pensar muito, nosso amigo boliviano escolheu uma mesa para nós e pediu um Majao Cruceño para ele. Eu não sabia o que pedir. Tudo parecia ter sido feito sem higiene e o cheiro do mercado também não era muito convidativo. Meu nojinho tomou de conta, mas eu não podia desapontar o boliviano que nos levou lá.
Quando o Majao chegou na mesa, fui a primeira a experimentar. Eu só pensava: “o que os olhos não veem o estômago não sente”. E o gosto era bom. Tinha gosto de galinha caipira com arroz. Eu gostei do tempero. Tem bastante açafrão e frango desfiado no meio.
Zonso
Concordamos na mesa em cada um pedir uma coisa diferente, para experimentarmos de tudo. Uma das meninas pediu um zonso. É uma espécie de espetinho de queijo com mandioca. O queijo é envolvido num purê de mandioca e assado na brasa. O sabor não é nada diferente do esperado.
Na minha opinião, no Brasil, o zonso faria bastante sucesso nos espetinhos e barzinhos.
Arepa
Outro prato interessante que experimentei foi a arepa. Não é nada muito elaborado, mas agradou ao paladar. A arepa é uma massa feita a partir de milho e queijo. Ela é assada em frigideira e possui uma aparência de massa de panqueca, só que de milho com queijo. Comer arepa é como comer cuscuz com queijo, a textura e o sabor são muito parecidos.
Chicha Morada
Claro que, para acompanhar as comidas, os bebíveis não podiam faltar. Pedimos uma chicha morada. É tipo um suco de milho, mas não é um milho qualquer. O milho é escuro. Eu não sei como descrever o gosto, posso apenas dizer que tem sabor de Amazônia.
Mocochinchi
O mocochinchi é um refresco de pêssego desidratado com canela – confesso que descobri que o ingrediente principal era pêssego desidratado há poucos minutos. É extremamente doce. Gostoso, mas eles exageram um pouco no açúcar.
Somó
Se você sabe o que é mugunzá ou canjica, o somó não vai ser muito assustador. Quando saímos do mercado, fomos em direção às barraquinhas de biscoitos, pães, somó. Nessas barraquinhas, o somó – e a chicha – ficam armazenados dentro de vasos de barro. Essas bebidas são servidas em copos de plástico e uma colher para o somó.
O somó é como se fosse um suco gelado de mugunzá com alguns grãos, que ficam no fundo do copo.
Apesar da mistura toda, novos temperos – e falta da falta de higiene no preparo -, não passei mal. Tive um pequeno choque cultural e resistência no início, mas minha experiência gastronômica no Mercado Central de Cotoca não poderia ter sido melhor.
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