Mesmo sendo lançado em 2016, Goblin, também conhecido como Guardian: The Lonely and Great God, é um dos dramas coreanos mais comentados até hoje. O enredo é bastante divertido e os personagens possuem características bem peculiares. Ele é classificado como uma comédia dramática fantasiosa. 

Eu descobri o universo de Goblin este ano (2020), quatro anos depois de eu começar a assistir a doramas e de Goblin ser estreado… Mas eu tenho uma boa explicação para isso. Minha vida de dorameira se resume ao catálogo da Netflix e Goblin nunca esteve disponível na plataforma. Descobri Goblin pesquisando na internet mesmo e decidi assistir, para saber se era tão bom quanto todo mundo falava. 

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Goblin é o tipo de série que pode entrar na lista “Por onde começar a ver doramas”. Arrisco até chutar que esse foi o drama responsável por fazer muita gente mergulhar de vez nesse universo. Não foi o meu caso. Talvez, seja por isso que eu não tenha me apegado muito à narrativa. Criei expectativas e não foram totalmente alcançadas, você vai entender o porquê. 

O roteiro da série foi escrito por Kim Eun-sook, autora de muitos dramas de sucesso que você já deve ter assistido, como The Heirs (2013), Descendentes do Sol (2016) – amo -, Mr. Sunshine (2018) e, o mais recente, O Rei Eterno (2020) – essa mulher adora deixar a gente sem fôlego, não é mesmo?! Goblin teve a direção de Lee Eung-bok, Kwon Hyuk-chan e Yoon Jong-ho. O drama está disponível gratuitamente no Viki.

Descomplicando Goblin para você que não assistiu 

A trama é complexa, mas eu vou tentar explicar a história de uma forma mais “fácil”. Goblin é uma série com diversos elementos da cultura folclórica sul-coreana. Para você entender melhor e pegar as referências, eu encontrei um artigo top falando a respeito e você pode ler clicando aqui. 

Dando uma pincelada geral, no xamanismo, Goblins são objetos inanimados manchados com sangue humano. Na cultura nórdica, goblins são seres feios, geralmente, do mal, que habitam florestas. Para visualizar melhor, em Senhor do Anéis, de J. R. R. Tolkien, essas criaturas são o que conhecemos em português como Orcs, mas há versões literárias que os chamam de “gobelins”.

Para você entender melhor, fiz um pequeno resuminho dos personagens principais.

Goblin

Goblin (Gong Yoo), também traduzido como “duende”, é um humano que recebeu um castigo e, ao mesmo tempo, um presente: a imortalidade. Ele era um guerreiro chamado Kim Shin e virou goblin depois de ser atingido por uma espada no peito, Kim Shin não morre, nem envelhece, mas veria e nunca esqueceria nenhuma das pessoas que passaram por sua vida e morreram – ele carregaria essa dor para sempre.

Entretanto, há uma profecia que diz que somente uma pessoa poderá ver e retirar a espada para que ele possa descansar em paz, essa pessoa é a noiva do Goblin. 

Além da imortalidade, o goblin pode voar e se transportar para lugares distantes ao abrir portas. Como ir da Coreia do Sul ao Canadá só em abrir uma porta qualquer. Por não conseguir morrer, ele é tipo indestrutível. Se um carro atropelá-lo, ele dá PT no veículo.

Ceifador

Ceifador (Lee Dong-Wook) é um ser que “recolhe” as almas dos mortos e as encaminha para o destino delas. Os ceifadores, em geral, são pessoas que cometem um pecado gravíssimo – que não vou revelar, para não dar spoiler. Quem comete esse pecado é condenado a passar tantos anos no inferno e depois trabalhar como ceifador durante séculos, até poder reencarnar em outra vida – ou não. 

O ceifador não lembra de nada sobre sua vida passada, não sabe que pecado cometeu e, nem mesmo, seu nome. Ele pode ser visto como um humano, mas quando está “trabalhando”, ceifando as almas, ele coloca um chapéu e só pode ser visto pelas almas, Goblin e demais ceifadores. 

O ceifador também tem o poder de apagar a memória das pessoas. Por exemplo, se um humano olhar no fundo dos olhos de um ceifador e ele dizer para esta pessoa que a cor preferida dela é azul, ela nunca lembrará que, na verdade, a cor favorita era verde. 

Noiva do Goblin

Quando a mãe de Jin Eun-tak (Kim Go-Eun) estava grávida, sofreu um acidente. Enquanto agonizava, o Goblin apareceu e salvou a mulher e o bebê. Entretanto, como Eun-tak estava destinada a morrer antes de nascer, mas o Goblin interferiu na morte, ela passou a ser uma “alma sem nome”. 

Por ter ganhado a vida por meio de um ser especial, a garota não é completamente normal. Ela pode ver fantasmas e conversar com eles e, ceifadores (mesmo quando estão usando o chapéu da invisibilidade). 

A Eun-tak possui uma marca de nascença que a protege de fantasmas malignos. Essa marca também simboliza que ela é a noiva do Goblin. Ou seja, ela única pessoa que pode ver e retirar a espada do peito dele para que ele possa morrer.  

Sunny

Sunny (Yoo In-na) é uma jovem empresária, dona de um restaurante de frango frito, que dá o primeiro emprego de Eun-tak. A participação dela na história não é revelada nos primeiros episódios. Em seu primeiro encontro com o Ceifador, começamos a entender que há sentimentos de uma vida passada entre os dois. Para mim, a relação de Sunny, Ceifador e Goblin é o grande plot twist da série. 

Ela é uma personagem bem interessante que poderia ter sido mais explorada. 

Yoo Deok-Hwa

Yoo Deok-Hwa (Sungjae) é o sucessor na linhagem de servos do Goblin. Isso mesmo, o Goblin é eterno e “deus” deixou a geração de uma família para atender às necessidades dele. Isso é passado de avô para neto. 

A família de Deok-Hwa trata o Goblin como um membro na família. Eles são donos de uma chaebol – para variar. 

Como Deok-Hwa ainda é novo, ele meio que está sendo treinado para assumir o trabalho do seu avô, tanto na empresa, como para proteger e servir o Goblin.

Sinopse de Goblin

Bom, eu já falei bastante coisa sobre a história. Então, é possível que a sinopse seja um pouco repetitiva. 

O Goblin é um guerreiro do passado que, ao ser apunhalado por uma espada, “deus” lhe concede a imortalidade. Quase mil anos depois, em Seul, o caminho do Goblin se cruza com o do Ceifador e os dois acabam tendo que dividir a mesma casa. 

Há quase um milênio, o Goblin está em busca de sua noiva. A única pessoa que, segundo a profecia, pode retirar a espada do seu peito para que ele possa morrer em paz. A noiva do Goblin é Eun-tak, uma estudante do ensino médio, que é procurada também pelo Ceifador, já que é uma “alma sem nome”.  

Imortalidade: dádiva ou castigo 

Para muitos a imortalidade pode ser um presente, mas também é solitária. A sensação de nunca morrer, de ser indestrutível e poder voar deve ser incrível. Seria possível fazer todas as coisas que você sempre quis. Viajar, subir montanhas, observar as coisas do alto. 

No início da série fiquei pensando em como isso poderia também ser um castigo. Afinal, o cara tem tudo o que qualquer ser mortal deseja – até a segunda página. No decorrer dos capítulos, vemos sua solidão e sofrimento. Se já é difícil lidar com a morte de algumas pessoas que conhecemos e convivemos, imagine ter que lidar com a morte de todas as pessoas que você ama e nunca esquecer desse sentimento de luto. 

O preço para ser um quase deus é alto demais. Imagine você se apaixonar por alguém e nunca poder viver essa história de amor, porque a pessoa é mortal e você a verá envelhecer e morrer. 

Você acha que vale a pena? Deixe aí nos comentários. 

Goblin e Ceifador 

Para mim, a melhor dupla é o Goblin e o Ceifador. A evolução da relação deles é até melhor que a do o casal principal – Goblin e noiva do Goblin. Se você assistiu, com certeza entende o que eu quero dizer. Os dois juntos rendem muitas risadas. 

Eles estão nas minhas cenas preferidas. Entre elas estão o salvamento de Eun-tak e quando os dois vão a supermercado comprar cebolinha depois de Eun-tak dizer que os dois estavam muito “sexies” naquele dia. 

Cena do Salvamento

Cena da Cebolinha

O que eu mudaria em Goblin

Enquanto eu assistia a Goblin, muitas coisas foram me incomodando. Para deixar claro, eu gostei muito de Goblin, recomendo para as pessoas e pretendo assistir novamente. Contudo, peço perdão aos fãs de Goblin para falar sobre coisas que eu achei mal encaixadas. 

Adolescência de Eun-tak

Primeiramente, quero destacar que a Eun-tak é uma adolescente que se envolve com um cara que, aparentemente, tem mais de 30 anos, mas, na verdade, tem quase um milênio. Na Coreia do Sul, a contagem de idade é diferente da nossa. A idade começa a ser contada quando o bebê ainda está no ventre da mãe e, todo 1º de janeiro, todos passam a ter a idade que completariam naquele ano. Ou seja, mesmo que ela tenha 19 anos, essa idade seria equivalente a 17 anos. 

Além disso, a Eun-tak é a personagem mais jovem. Ela só anda no meio dos adultos e isso dá a impressão de que ela é imatura e criança. Eu não gostei muito desse gap de idade entre os personagens, principalmente entre o casal principal. Se eu pudesse mudar, a Eun-tak teria mais de 20 anos e estaria na faculdade. 

O universo contra o amor

Existe outra coisa em Goblin que, para mim, não encaixa muito bem: o fato de o Goblin e a noiva do Goblin não poderem ficar juntos. Se existe uma profecia, por que o universo e deus são contra os dois ficarem juntos? Eu sei que eles, de certa forma, ficam juntos, mas contra a ordem natural das coisas. Entretanto, não houve uma solução para o grande problema dele que era o fato de ela ser mortal e ele não.

Na minha humilde opinião, que, na verdade, não vale nada, o plot twist deveria ser em relação ao cumprimento da profecia em vez de Eun-tak ficar naquele morre não morre e o Goblin no vive não vive. 

Passar nove anos sem soprar uma vela

Um terceiro ponto que, na minha opinião, enfraquece toda a fantasia da história é: Que tipo de pessoa só apaga fogo a cada nove anos? Eu entendo que, talvez, a Eun-tak nunca tenha soprado velinhas no aniversário. Mas qualquer pessoa normal, quando vê um isqueiro pela primeira vez, fica, literalmente, brincando com o fogo. Não sei se o fogão dela era elétrico ou não, mas toda casa precisa ter fósforo ou isqueiro para o caso de dar ruim no fogão. Nunca teve apagão na cidade dela? Quando falta energia em casa, é preciso acender velas… 

Não sei como faria para resolver esse problema do fogo. Eu pensei um bocado e não consigo entender como uma pessoa pode passar nove anos sem apagar um foguinho e do nada resolve fazer. Também não consigo encontrar outra forma fácil para ela invocar o Goblin. 

Fotografia

Um dos pontos fortes de Goblin, com certeza, é a fotografia. Os planos abertos no mar, no campo de trigo e em Quebec, no Canadá, são os meus preferidos. As locações são simplesmente lindas. 

Trilha sonora

A trilha sonora é a parte que mais gosto. Consigo dizer se gosto ou não de uma série só pelas músicas. Confesso que não sou fã do kpop e tenho dificuldade de gostar de músicas que falam línguas que não entendo nada. Então, acabo limitando as músicas que ouço ao português, inglês e espanhol. 

Para a minha alegria, Goblin traz para nós músicas incríveis – que até adicionei à minha playlist. As minhas preferidas são a Round and Round, da Heize ft. Han Soo jin, e Hush, do cantor sueco Lasse Lindh – tem música dele em A Piece Of Your Mind.

Você pode ouvir uma playlist do OST de Goblin no Spotify.