Banho
Tomar banho é bom, mas, às vezes, dá preguiça. Nada como chegar em casa após um dia de correria. Desce escada, anda rápido na rua, trabalho, metrô lotado, sobe as escadas e, finalmente, cheguei. Parte desse cansaço físico e intelectual pode ser diluído em água quente ou fria – depende do gosto do freguês e do clima do dia – de um belo banho.
Hoje, foi um dia frio. Mesmo em dias gelados, com muitas nuvens, vento e pancadas de chuva, um bom banho quente é capaz de esquentar até o último dedinho do pé. Eu cheguei em casa me sentindo gelada. Mesmo vestindo uma blusa de manga longa de lã e uma calça verde aveludada superconfortável, parecia que nada seria capaz de aquecer o meu corpo. Eu precisava de um banho bem quente, daqueles que a pele sai vermelha, como se tivesse sido escaldada.
Após jantar um delicioso Yakissoba, depois de muita enrolação, decidi encarar a água. Despi-me, entrei no box, liguei o chuveiro. Quando a água tocou minha pele, muitas ideias começaram a tomar minha mente. Parecia que aquela enxurrada quente trouxera um monte de soluções, problemas e afazeres, como se fosse a correnteza de um rio arrastando alguns galhos, troncos e folhas da floresta. Contudo, enquanto sentia essa carga de incertezas e reflexões caindo sobre os meus ombros, ao mesmo tempo, elas pareciam ir embora junto com a água que descia pelo ralo.
É certo que nem todos os banhos são assim. Existe o banho da dúvida, quando eu não sei se estou com fome ou sono, então decido ir tomar banho para ponderar sobre o que devo fazer primeiro. Tem o banho radiante que, geralmente, acontece quando estou me arrumando para ir a algum lugar legal – e eu acabo cantado no chuveiro. Outro banho é o famoso banho-para-despertar-porque-estou-morrendo-de-sono. Entre outros. O importante é sempre lembrar que, na hora que a preguiça bater, o banho pode fazer mais do que limpar o físico. Essa água que cai de cima tem poderes mágicos relaxantes e ainda pode ajudar a tomar decisões. Bom banho!