Hoje, resolvi que precisava trocar minha roupa de cama. Abri o pequeno armário onde guardamos as roupas de cama, toalhas, edredons e artigos do gênero, achei o lençol com elástico e fiquei procurando a fronha do conjunto – invejosos dirão que o nosso armário está uma bagunça –. Achei a pequena fronha estampada perdida no meio de outros lençóis e vi também um pequeno tecido que ganhei de uma amiga japonesa que conheci há dois anos.

É um tecido pequeno. Deve ter uns 30cm x 70cm. É estampado com folhas e caracóis vermelhos e azuis em um fundo branco. O tecido não é muito macio e não possui acabamento de costura nas bordas. Confesso que ainda não achei uma utilidade para o pano, mas está guardado.

Minami-chan era como eu chamava a garota que me presenteou. Temos a mesma idade. Ela estudava ciências econômicas e morava com os pais em Tóquio, no Japão. Conheci Minami quando viajei para Malta. Já fazia uma semana que eu ocupada um quarto triplo do flat sozinha. Até que, em meu segundo sábado de viagem, chegou essa adorável japonesa. Mal havíamos conversado quando ela se aproximou da minha cama, onde eu estava sentada, inclinou o tronco e a cabeça em minha direção estendendo os braços com dois presentes e pediu para que eu escolhesse um.

Eu já havia assistido muitas séries, filmes e programas japoneses, mas nunca pensei que algum deles fosse um dia sair da TV, se aproximar de mim e fazer essa pose de respeito. Eu estava meio confusa e peguei um dos presentes. Agradeci a gentileza. Quando abri, achei fofo, meio inútil, mas fofo. Ela começou a me explicar a utilidade e disse que a mãe havia enviado para a roommate.

Guardei esse presente com muito carinho. Encontrá-lo no armário, fez com que eu revivesse alguns bons momentos que passei com Minami. Passeamos juntas algumas vezes. Também me lembrou do leque que o Mitsu-kun me deu. Boas lembranças… Espero que um dia, quando tiver minha própria casa, possa ter um canto para usar o paninho de caracóis. Talvez, como caminho de mesa. Vamos ver. Não importa se ele vai ou não combinar com a casa. Eu o guardei para que, um dia, eu possa olhá-lo todos os dias, porque o significado é mais importante que a beleza.